Jardim Botânico da Universidade de Coimbra


A ideia da criação de um Jardim Botânico surge no seio da Reforma Iluminista, que o Marquês de Pombal levou a cabo na Universidade de Coimbra. O intuito desta reforma era modernizar o ensino e abrir portas a novas perspetivas para o ensino superior, centrando-se numa preocupação racionalista e experimentalista dos métodos, dando primazia ao conhecimento empírico.

É com a criação da Faculdade de Filosofia que vemos surgir um jardim, que possibilitará o desenvolvimento científico dos estudos da área Botânica, mas tal só seria possível com a construção de novos espaços adequados ao propósito. Já havia sido apontada essa necessidade de estabelecer um Horto Botânico em Coimbra, com o efémero projeto elaborado por Jacob de Castro Sarmento, em 1731.

De modo a concretizar essa necessidade, o Marquês manda, sobre o patrocínio do reitor D. Francisco Lemos, construir um jardim inspirado em outros já existentes nas grandes cidades universitárias da europa, nomeadamente de Pádua. Surge, então, ligado à fundação do Museu de História Natural, por decreto, em 1772, o Jardim Botânico da Universidade de Coimbra. Os seus trabalhos só foram iniciados em 1774, ocupando os terrenos onde estava a Quinta do Colégio de S. Bento.

Os seus primeiros diretores foram Domingos Vandelli, e a partir de 1791, Avelar Brotero. O último foi Luís Wittnich Carisso, entre 1918-1937.

Teve vários botânicos encarregues da sua direção, possui exemplares de plantas exóticas de vários sítios de Portugal continental, Açores, Europa, Austrália, Oceânia, Angola, Brasil, etc…, que foram sendo implementados ao longo dos séculos XVIII, XIX e XX, transformando este jardim não só num polo do conhecimento botânico, mas também numa das grandes maravilhas de Portugal e da Europa.

O jardim possui uma biblioteca com mais de 125 000 volumes, um herbário com cerca de 1 milhão de espécies originárias de todos os cantos do planeta. Possuí, inclusive, uma das maiores e mais completas coleções de Eucaliptos, com cerca de 51 espécies diferentes.

A dimensão do jardim é de 13,5 hectares, constituídos por dois núcleos primordiais: o núcleo do quadrado central, desenhado à moda italiana com arbustos pequenos e sempre muito bem aparados, envolvido com árvores e plantas raras (ou ainda as estufas), de modo a recriar um jardim interior intimista resguardado por vegetação de médio-grande porte; e a Mata que se vai espalhando como se se disseminasse por toda a restante encosta do monte.

Os laboratórios criados em torno do Jardim ainda hoje proporcionam e impulsionam boas condições para o desenvolvimento de atividades de investigação científica na Botânica.


João Archer de Carvalho


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