Edifícios do Estado Novo
Face da mudança da Alta de Coimbra- resultou de uma grande reforma, que teve lugar nos anos 40 a 60 do século XX e mudou a face da Universidade através de uma operação de total reorganização urbanística da zona, o núcleo do Estado Novo marca a contemporaneidade do Polo I da Universidade de Coimbra.
A Alta, em tempos feita de ruas sinuosas, sofreu uma destruição parcial para dar lugar a um campus universitário modernista. Para a sua concepção, construção e decoração foram chamados os melhores da época: Cottinelli Telmo, Cristino da Silva, Abel Manta, Almada Negreiros.
Departamento de Matemática, Sala 17
A inauguração do edifício da secção de Matemática ocorreu a 17 de abril de 1969, data que assinala o arranque da crise académica de 1969, movimento público de contestação ao regime salazarista. Decorrendo os discursos da sessão inaugural das novas instalações, Alberto Martins, o presidente da Associação Académica de Coimbra, foi impedido de se manifestar publicamente, ação que levaria ao encerramento antecipado da cerimónia sob uma tremenda ovação de protestos por parte dos estudantes.
Departamento de Matemática, Sala do Conselho Científico
Desta sala, destaca-se a tapeçaria, da autoria de Rogério Ribeiro, executada na Manufatura de Tapeçarias de Portalegre (1969). O tema é o «Progresso Técnico». Mostra uma arrojada representação cenográfica, inspirada no modelo do homem de Vitrúvio, num discurso plástico abstratizante e que provocou, à altura, alguma polémica.
Departamento de Matemática, Átrio principal
O átrio de entrada foi decorado nas paredes laterais com dois frescos, um dedicado à “Matemática portuguesa ao serviço da epopeia nacional” e o outro à “Matemática desde os Caldeus e Egípcios até aos nossos dias”, da autoria de Almada Negreiros, segundo o programa iconográfico definido por José Bayolo Pacheco de Amorim. Inicialmente previstos para abarcar uma área de 50m2, e face à dificuldade do pintor em transpor todo o programa, foram ampliados para 70m2. Foram executado por alunos da Escola Brotero, sob as ordens do já idoso pintor.
Praça D. Dinis
Esta praça é um dos elementos fundamentais da estrutura prevista no plano para a Cidade Universitária. Aqui se ergueu, outrora, o castelo da cidade, arrasado durante as obras promovidas pelo Marquês de Pombal, na década de 70 do século XVIII, para aí se erguer um moderno e ambicioso Observatório Astronómico. Esta construção iniciou-se mas acabou por ser abandonada e o Observatório erguido no topo sul do Paço das Escolas. Na fachada sul do seiscentista Colégio de São Jerónimo é possível ainda observar as marcas de um arco construído para reforçar a fachada da sua igreja, gravemente afetada pelo terramoto de 1755, e que ligava ao castelo e, mais tarde, ao Observatório aí edificado. O arco foi destruído durante as campanhas de construção da Cidade Universitária. Durante as escavações arqueológicas realizadas em 2008 – estudos de arqueologia preventiva para o projeto de parque de estacionamento subterrâneo – foi (re)encontrado o embasamento da torre de menagem do castelo, localizado sensivelmente debaixo da estátua de D. Dinis.
Faculdade de Medicina
À imagem dos restantes edifícios erguidos na Cidade Universitária, a Faculdade de Medicina integra várias manifestações artísticas. Nos dois portais da fachada principal (sul) do edifício, virada para a Rua Larga, destacam-se os doze bustos de Euclides Vaz representando algumas das personalidades que mais contribuíram para o desenvolvimento da Medicina e da assistência médica portuguesas: D. Mendo Dias, Pedro Hispano, D. Dinis, D. Leonor, Garcia da Orta e D. João III, no da esquerda, Amado Lusitano, S. João de Deus, o Marquês de Pombal, José Correia Picanço, António Augusto da Costa Simões e António Sena, no da direita. Os diversos portões foram igualmente ornamentados com pequenos bronzes alusivos à história da própria faculdade, executados por Vasco Pereira da Conceição, segundo o desenho original de Feliciano Augusto da Cunha Guimarães. No cunhal do lado poente ergue-se o grupo escultórico da autoria de Leopoldo de Almeida, assente em 1956, com a representação da figura alegórica da Medicina, ladeada por Hipócrates e Galeno. Já no interior, encontra-se no átrio poente o baixo-relevo de Vasco Pereira da Conceição alusivo ao tratamento dos doentes, enquanto no nascente se pode ver o fresco de Portela Júnior dedicado à história da Medicina, e onde figuram algumas das principais personalidades de Coimbra.
A tapeçaria da Sala do Conselho é da autoria de Guilherme Camarinha (1955) e foi executada na Manufatura de Tapeçarias de Portalegre.
Faculdade de Letras, Teatro Paulo Quintela
Integrado no edifício da Faculdade de Letras, o teatro constitui um volume construído que ocupa parcialmente o pátio interior. A sala tem capacidade aproximada de 260 lugares. Paulo Quintela foi o primeiro director do Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra (TEUC), tendo assumido essa função durante 30 anos.
Autores dos projetos de arquitetura e data de início da construção
– Arquivo da Universidade: Alberto José Pessoa, 1943
– Faculdade de Letras: Alberto José Pessoa , 1945
– Faculdade de Medicina: Lucínio Guia da Cruz, 1951
– Associação Académica de Coimbra: Alberto José Pessoa e João Abel Manta, 1954
– Biblioteca Geral: Alberto José Pessoa, 1956
– Departamento de Matemática: Lucínio Guia da Cruz, 1964
– Departamentos de Química e Física: Lucínio Guia da Cruz, 1966
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