CIDADE REAL (COIMBRA), de Pedro Miguel GON
Depois da batalha de Ourique (1139), a primeira grande vitória de D. Afonso Henriques contra os mouros, o infante passou a usar o título de rex e a governar como se de um estado independente se tratasse que nada devia ao seu primo D. Afonso VII, rei de Leão e Castela. Mas só com o tratado de Zamora, em 1143, consegue o reconhecimento da independência do Condado Portucalense que passa a chamar-se Reino de Portugal; e em 1179 o Papa Alexandre III reconhece Portugal como um estado independente e D. Afonso Henriques como seu rei.
D. Afonso Henriques fixou residência em Coimbra, tornando-se esta a capital do território que dominava. Coimbra tornou-se terra do Rei e de nenhum outro senhor. Quase todos os reis da primeira dinastia nasceram em Coimbra, no Paço Real, fazendo dela o berço seguro e estável da governação, mesmo quando, a partir do reinado de D. Dinis, a cidade de Lisboa começou a ganhar algum ascendente sobre Coimbra por causa da sua vantagem geoestratégica.
A presença de um poder central em Coimbra fez desenvolver ainda mais a cidade. Não só o velho palácio condal (que já fora de D. Sisnando) foi reerguido e a fortaleza melhorada (novas torres), também novos edifícios foram construídos, como o Mosteiro de Santa Cruz – durante muito tempo o mais importante mosteiro português – e a catedral (Sé Velha) e muitas outras igrejas românticas como S. Tiago, S. Cristóvão, S. Salvador, S. Bartolomeu e S. Pedro. Coimbra era a maior cidade cristã a sul do rio Douro, a partir da qual o jovem rei podia planear a estratégia de alargamento do seu território para sul. A partir do novo palácio, da sua fortaleza e contando com o conselho e esclarecimentos dos monges de Santa Cruz, Coimbra passou a ser o grande centro de decisão política a partir do qual se construiu Portugal.
É durante a primeira dinastia que é fundada a universidade portuguesa. Em 1290 o rei D. Dinis institui-a em Lisboa, mas depois de dezoito anos de atividade o mesmo rei transferiu-a em 1308, para Coimbra, pois seria um local mais apropriado para o decorrer dos estudos. Passados trinta anos, o rei D. Afonso IV, transferiu-a de novo para Lisboa, alegando que Coimbra era local de residência da corte e que a presença de muitos escolares causava dificuldades de espaços e alojamentos. Dezasseis anos mais tarde, em 1354, a Universidade regressa a Coimbra. Antes do término da primeira dinastia, a universidade voltaria a ser transferida mais uma vez em 1377, no tempo de D. Fernando, para lisboa. Foi também em Coimbra que viveu grande parte da sua vida a Rainha Santa Isabel, hoje o santo patrono da cidade, tendo-se feito enterrar no convento de Santa Clara. O neto da Rainha Santa Isabel, D. Pedro, viveu em Coimbra a mais famosa história de amor na história de Portugal.
Pedro e Inês viveram em Coimbra o seu amor secreto e Inês terá sido assassinada no antigo Paço da Rainha, não muito longe do Convento de Santa Clara, perto do local que hoje chamam Quinta das Lágrimas.
Texto retirado do livro, DESTINO COIMBRA de Pedro Miguel GON
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