Santo António do Oratório do Cárcere Académico da UC
Oficina desconhecida || calcário de Ançã || século XVII (1ª metade)
« (...) Como qualquer outro espaço vivencial, também o oratório do cárcere possuía um conjunto de móveis, alfaias e paramentos indispesáveis às funções celebrativas que aí decorriam nos Domingos e principais dias festivos do Calendário da Igreja. Os mesmos capelães deveriam ainda auxiliar no apoio espiritual daqueles que procuravam a redenção pelos actos imprudentes praticados.
Mas é somente a partir do inventário dos Trastes, Moveis e Alfaias da Capela da Cadêa da Universidade, executado por José Joaquim de Faria (?), no dia 15 de Novembro de 179969, que ficamos a conhecer o orago a que havia sido dedicado o espaço cultual da cadeia académica: Santo António de Lisboa (c. 1191‑5| 1231).
Foi durante as nossas investigações que viemos a localizar nos anexos da capela de São Miguel da Universidade de Coimbra, nas áreas do antigo Museu de Arte Sacra, aquela que acreditamos ser a imagem devocional primitiva existente no oratório do cárcere académico, uma escultura “representando Santo António com o Menino (com respectivos resplendores de prata)”. Contudo, a peça localizada foi executada calcário de Ançã, e não em “barro” ou “pao” como os inventariantes, contraditoriamente, descreveram nos arrolamentos.
NOTA:
Apesar das obras hagiográficas tradicionais não o identificarem como padroeiro dos prisioneiros
é possível que a escolha de Santo António para o orago da capela da cadeia esteja relacionado
com o episódio em que o santo, através do dom da ubiquidade, apareceu em Lisboa para livrar o pai
da acusação por homicídio. De igual modo, é ainda muito sugestiva a estrofe de um responsório
popular que invoca a intercessão do santo junto dos condenados:
"Meu Santo António
Das prisões quebra as correntes."
(...)
Texto retirado do trabalho de "De corpo e alma: O oratório do Cárcere Académico da Universidade de Coimbra.
Doutorando na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra
Bolseiro pela Fundação para a Ciência e Tecnologia
Centro de História de Além‑Mar
(CHAM) da Universidade Nova de Lisboa/
Universidade dos Açores
Centro Interdisciplinar de Estudos Camonianos (CIEC) da Universidade de Coimbra
Primeiras linhas de investigação" de MILTON PEDRO DIAS PACHECO
Doutorando na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra
Bolseiro pela Fundação para a Ciência e Tecnologia
Centro de História de Além‑Mar
(CHAM) da Universidade Nova de Lisboa/
Universidade dos Açores
Centro Interdisciplinar de Estudos Camonianos (CIEC) da Universidade de Coimbra
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