As três primeiras senhoras da Universidade de Coimbra

Públia Hortênsia de Castro (Vila Viçosa, 1548 - Évora, 1595) foi uma das mais notáveis e célebres figuras do humanismo português.
Conta-se que se vestiu com trajos masculinos para acompanhar até Coimbra o seu irmão Jerónimo, um frade dominicano Tendo aí estudado Retórica, Humanidades e Metafísica.
Com apenas 17 anos de idade, defendeu em Évora teses de Filosofia e em 1581, na presença do rei Filipe II, defendeu teses sobre Teologia, vindo a receber, como reconhecimento do seu trabalho, uma tença anual.
Em 1574, Públia Hortênsia de Castro começa a frequentar o Paço Real de Évora e a erudita academia da infanta D. Maria.
Em 1581, resolve consagrar-se a Deus e entra no Convento do Menino Jesus da Graça, em Évora, da Ordem dos Agostinhos. Na clausura conventual faleceu em 1595, com 47 anos de idade.


Em 1894 formou-se, finalmente, a primeira mulher: Domitilla Hormizinda Miranda de Carvalho. Formou-se em Matemática. Um ano depois formou-se em Filosofia (Ciências, se diria hoje) e, em 1904, em Medicina.
Por esta altura já não estava sozinha na universidade, pois que no rondar do Séc. XIX para o Séc. XX existiam já cinco alunas.



Em 1914 forma-se em Direito Regina Quintanilha, que viria a ser a primeira advogada da Península. Tal como Domitília, também ela se forma com altas classificações.
Com apenas 17 anos, Regina Quintanilha pede a sua matrícula na Faculdade de Direito de Coimbra, a 6 de Setembro de 1910 e no dia 24 de Outubro atravessa a porta férrea da Universidade.
Terminou o curso em três anos e em 1913, com apenas 20 anos, foi convidada para reitora do recém-criado Liceu Feminino de Coimbra. Recusou, por ambicionar uma carreira que o Código Civil Português de 1867 vedava às mulheres, o exercício da advocacia.
Apesar disto, a 14 de Novembro de 1913, Regina Quintanilha recebe a autorização do Presidente do Supremo Tribunal de Justiça para advogar, sendo esse o dia em que vestiu a toga dos advogados no Tribunal da Boa-Hora, em Lisboa.
Em Portugal, exerceu ainda, mais uma vez sendo a primeira mulher, as funções de Conservadora do Registo Predial e Notaria.



Em 1920 é fundada a primeira residência universitária feminina. Em 1926 há já uma mulher para cada 17 homens. A partir daí é sempre a acelerar.

Catarina Freire | Universidade de Coimbra

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